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EU NÃO SOU Charlie !!

por antipulhítico, em 23.01.15

RESPEITAR O PRÓXIMO, ACIMA DE TUDO

 

Uma reflexão do ator brasileiro Benvindo Siqueira

Uma das facetas do meu trabalho de ator é trabalhar com o humor.

Aprendi com os acadêmicos do humor que a graça deve ser sempre feita com elegância e respeito.

É coisa que vem de séculos da arte de ser palhaço.

Mesmo com o grosseiro e ofensivo humor  de Charlie não posso compactuar e não posso aceitar que terroristas assassinem pessoas, sejam jornalistas, ou não. Que semeiem a violência do terror entre os povos.

Lamento profundamente a morte dos dez jornalistase dois policiais  em Paris.

Mas se homens que trabalharam pela Paz e pelo Bem, como Gandhi e Martin Luther King, foram mortos a tiros pelo Mal, o que poderia acontecer a quem há décadas instiga o ódio religioso, racial, faturando grana em edições em troca da humilhação racistas, islamofóbica, anticristã, e anti-humanista? Ou será que  dá pra esquecer a política colonialista francesa esmagando com caminhões - para não gastar balas - milhares de prisioneiros árabes argelinos nas guerras de libertação?

Navegar no sentimento francês de xenofobia e islamofobia dá boa grana, Mas um dia a casa cai. Se o  Mal cobra do Bem, como no caso de Gandhi e Martin, imaginem, o que cobrará do Mal?

Vi no Charlie uma charge onde em uma orgia, Deus, Jesus e o Espírito Santo - Trindade sagrada para os cristãos, participavam  os três de um coito anal.

Não gostei, fiquei chocadíssimo. Não ao ponto é claro de explodir a redação do Charlie. Mas chocadaço. A minha cultura e formação é cristã ocidental. Eles não têm esse direito. Na Bahia temos um ditado: “Respeito é bom e eu gosto”.

Os ataques do Charlie não se localizavam apenas contra muçulmanos, mas contra todas as crenças, todas as "fés", contra os povos do terceiro mundo e contra todo o sagrado de povos que eles, a serviço do racismo e da intolerância, ajudavam a desmoralizar, usando a capa de uma ultra esquerda.

Para os cristão não há ofensa pior  que a blasfêmia ao Espírito Santo - Marcos 3. 28, 30. Então, quando uma charge destas é publicada, o objetivo qual é? Liberdade de expressão? Divertir os cristãos? Ou ofender seus valores e ridiculariza-los? Pelos frutos conhecereis a árvore.

Nestes anos Charlie chamou os negros de macacos, os árabes de fedorentos, os judeus de avarentos, os cristãos de sodomitas...esperavam o quê? Bênçãos?

Isto a meu ver não é liberdade de expressão, é libertinagem. (Vide o sentido em  Caldas Aulete). Por exemplo: temos a liberdade de ir e vir, mas se eu entrar numa propriedade sem autorização, passa a ser invasão de propriedade e não há "liberdade de ir e vir" que me defenda nisso.

Para completar, numa  França composta por 40% de ateus, em crise econômica,  com o avanço da extrema direita, e a queda de popularidade de François Hollande, o atentado sai do campo humanista e passa para a política eleitoral. Para recuperar a popularidade e a liderança abaladas, François Hollande toma a inciativa e convoca uma manifestação monstro para este domingo. Enquanto a fascista Marie Le Pen  busca com seu discurso antiislâmico, racista e antiemigrantes conquistar mais votos para seu Partido de Extrema Direita. Os doze mortos parecem virar massa de manobra  eleitoral.

Por tudo isso torno a condenar o ataque terrorista e a lamentar a perda de vidas. Posiciono-me com veemência pela liberdade de expressão, contra a censura. Repudio a estupidez terrorista,  mas não consigo ser Charlie.

- Eu não sou Charlie!

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Beija-mão

por antipulhítico, em 08.01.15

 

 

BEIJA-MÃO ÀS GRADES

"O meu artigo de ontem, no Correio da Manhã, provocou reacções de apoio, concordância, discordância e também me valeu muitos insultos. Os insultos são uma expressão própria de quem convive mal com a democracia e tenta limitar a liberdade de expressão de quem atinge os seus interesses. Comigo este tipo de pressão não resulta. Já deveriam saber."
Paulo Morais, no facebook


Beija-mão às grades
José Sócrates, preso em Évora, inaugurou uma nova prática: a de conceder audiências na cadeia. As peregrinações de inúmeras figuras públicas à penitenciária de Évora, sob a capa aparente de visitas de apoio e solidariedade, mais não parecem do que exercícios de vassalagem.

Ao longo de anos e enquanto governante Sócrates garantiu ganhos milionários a alguns dos maiores grupos económicos, em particular na Finança e nas Obras Públicas. Todos aqueles que Sócrates beneficiou estarão agora a ir à cadeia beijar-lhe a mão. Será uma questão de gratidão. Por lá passaram e continuarão a passar os concessionários das parcerias público-privadas (PPP), a quem Sócrates garantiu rendas obscenas em negócios sem risco. Assim, não será de estranhar que o todo-poderoso Jorge Coelho, presidente durante anos do maior concessionário de PPP rodoviárias, o grupo Mota-Engil – tenha rumado a Évora. Também lá esteve em romagem José Lello, administrador, durante os governos socialistas, da construtora DST, que muito ganhou também com PPP.

Não deixa de ser curioso que cheguem apoiantes de todos os setores que Sócrates tutelou. O líder do futebol português, Pinto da Costa, foi mais um dos que manifestou o seu apoio público. Afinal, Sócrates foi o ministro do desporto que trouxe o Euro 2004 para Portugal. Um Euro que valeu muitos milhões de euros aos clubes de futebol e seus dirigentes. Mais um gesto de vassalagem.

Para ser visitado e apoiado, a Sócrates bastará enviar a convocatória. Todos aqueles cujos podres Sócrates conhece, os que usufruíram de benefícios ilegítimos pelas suas decisões – todos aparecem ao primeiro estalar de dedos. Todos temem Sócrates, pois sabem que se ele resolver falar, desmorona o seu mundo de promiscuidades entre política e negócios.

Com estas convocatórias e manifestações de apoio, o ex-primeiro-ministro pretende manipular a opinião pública, vitimizando-se; bem como condicionar a Justiça, através da sua manifestação de força e influência.

Mas o que não faz e deveria fazer é aproveitar o acesso direto aos media para explicar quais os bens de fortuna que lhe permitiram, sem rendimentos compatíveis, manter, durante anos e depois de sair do poder, uma vida de ostentação.

Paulo Morais in CM

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