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O que é que acham?
Descobriram quem tem parte da Fortuna Desaparecida do BES!
Alegadamente, mais de 3 mil milhões de euros, transferidos para o BES
Angola, desapareceram. Na comissão de inquérito, os ex-administradores
do BES disseram nada saber. A polícia portuguesa parece incapaz de
descobrir o destino do dinheiro. Mas Paulo de Morais, vice-presidente
da Associação de Integridade e Transparência, sabe onde está o
dinheiro, sabe quem o tem e sabe quanto cada pessoa recebeu.
Neste impressionante vídeo, Paulo de Morais não esconde o jogo e nomeia
individualmente cada um dos recipientes da fortuna que desapareceu do
BES, a mesma fortuna que as autoridades parecem relutantes em
perseguir e que todos nós estamos a pagar.
VIDA EUROPEIA
Interessante os pontos de vista controversos que podemos coletar mundo afora sobre um mesmo assunto.
O seguinte artigo publicado em Espanha, em 2008, foi escrito por um não-judeu.
João Miguel Tavares
Público, 19/02/2015
Os defensores do Syriza costumam criticar fervorosamente a proliferação daquilo a que eles chamam “caricaturas da Grécia”: as cabeleireiras e os trombonistas que se reformam aos 53 anos porque a sua profissão é considerada “árdua e insalubre”; os 45 jardineiros contratados por um hospital público para tomar conta de meia dúzia de árvores; o Instituto para a Protecção do Lago Kopais, seco desde 1930; ou, para citar a famosa peça de José Rodrigues dos Santos para a RTP, os falsos paralíticos que se passeiam a pé diante da casa do ex-ministro da Defesa grego para “receber mais um subsidiozinho”.
Ora, eu não duvido por um momento que estes coloridos exemplos possam contribuir para formar um retrato simplista da Grécia, certamente injusto para muitos gregos trabalhadores. Só que o inverso é igualmente verdadeiro: o Syriza e a sua vasta trupe de admiradores utilizam a mesma demagogia para criticar a posição alemã, colocando bigodinhos em Merkel, recuperando histórias de uma guerra que acabou há 70 anos e considerando a Alemanha a grande vilã da crise – como se ela fosse a encarnação da bruxa má da floresta, que atraiu os pobres gregos para a sua casa de chocolate, para poder aí praticar as maiores malfeitorias.
De facto, entre os mais impressionantes resultados da crise está esta espécie de infantilização dos países em dificuldades: não há políticas historicamente erradas, nem governos responsáveis pelo endividamento excessivo, nem eleitorados que tenham dado os seus votos a maus partidos – há apenas pobres vítimas de tenebrosos esquemas neoliberais. Para quê darmo-nos ao trabalho de assumir os erros, se podemos inventar tão bonitas teorias da conspiração? Para a esquerda europeia pró-Syriza, é como se a Alemanha e os seus bancos andassem a preparar um assalto aos países da periferia desde tempos imemoriais.
E, no entanto, basta pesquisar um pouco para encontrarmos as incoerências dessa tese. Notícia de Junho de 2011: “60% dos alemães consideram que o país tem de ajudar a Grécia a recuperar da crise de dívida soberana em que se encontra, gostando ou não.” Isto foi escrito há três anos e meio. Ou seja, já houve uma época em que a Alemanha defendeu a solidariedade para com os gregos. Simplesmente, essa confiança foi-se esfarelando com as sucessivas falhas nos pacotes de reformas. O esquematismo do grego mandrião e o simplismo de tantas abordagens em relação aos PIIGS é, em boa medida, uma consequência das dificuldades na implementação dos programas da troika. Não é bonito. Mas é compreensível.
Infelizmente, há uma abordagem da crise, muito popular, que é de tal forma desresponsabilizadora que convida às mais tristes simplificações. Certas analogias à esquerda são de molde a assustar qualquer um – ainda ontem, neste mesmo espaço, Rui Tavares ia buscar Versailles e o pós-Primeira Guerra Mundial para falar da reunião do Eurogrupo. E eu pergunto: mas houve alguma guerra na Grécia nos últimos anos de que não tivemos conhecimento? O seu défice deve-se a alguma sucessão de calamidades? Senhores: a Alemanha foi arrasada na década de 40, reunificada na década de 90, não tem petróleo e é o motor económico da Europa. Se não queremos ser caricaturados e simplificados, seja na Grécia ou em Portugal, convinha começar por acabar de vez com um discurso de tal forma desculpabilizador que nos transforma a todos em cidadãos inimputáveis. Se é esse o caminho único para a salvação da Europa, por favor, deixem-me circular em contramão.
Vale a pena ler e ver as diferenças de tratamento no pagamento de dívidas na época e as de agora.
Para que a memória não se apague? Dia 27 de Fevereiro, faz 60 anos! |
VITÓRIAS CONSEGUIDAS:
Aumento imparável das dívidas de cada país-alvo:
Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha e Itália.
OBJECTIVOS SEGUINTES:
1º - Levar estes países-alvo a pedir mais empréstimos para pagar os juros das dívidas actuais e assim sucessivamente;
2º – Estender a frente de batalha , progressivamente, aos outros países europeus.
Na habitual coluna de opinião de Paul Krugman no New York Times, o prémio Nobel começa por realçar que Alex Tsipras, líder do Syriza, "que está em vias de se tornar primeiro-ministro da Grécia", "será o primeiro líder europeu a ser eleito sob a promessa de desafiar as políticas de austeridade".
No artigo publicado no jornal norte-americano, o conhecido economista alerta que "haverá muita gente, certamente, a avisá-lo [Tsipras] para abandonar essa promessa e comportar-se "responsavelmente".
No entender de Paul Krugman, todo o processo grego, que culminou agora na vitória do Syriza nas eleições parlamentares deste domingo, teve início em 2010 com o primeiro memorando de entendimento, "um documento assinalável, no pior dos sentidos". Krugman recorda que a troika acreditava que a "Grécia poderia aplicar duras medidas de austeridade com pequenos efeitos no crescimento e emprego", isto numa altura em que o país "já estava em recessão".
"A Grécia tem pago o preço por essas ilusões", sustenta o colunista do New York Times. Conhecido pelas fortes críticas dirigidas aos dirigentes europeus pela forma como tentaram combater a crise das dívidas soberanas que sucedeu à crise financeira internacional, Krugman conclui que aquilo a que se assistiu na Grécia desde então foi "um pesadelo económico e humano".
No entender do economista norte-americano, "nada está mais longe da verdade" do que a ideia de que o que falhou na Grécia foi a incapacidade de Atenas "para efectuar os cortes prometidos". Até porque o Executivo helénico "cortou a despesa pública muito mais do que se poderia prever".
O problema derivou do facto de tanto "a Comissão Europeia como o Banco Central Europeu terem decidido acreditar no conto de fadas da confiança – defender que os efeitos directos da destruição de emprego provocados pelos cortes na despesa seriam mais do que compensados por um surto de optimismo no sector privado".
Portanto, agora que "Tsipras venceu com estrondo", Paul Krugman não acredita que o líder do Syriza possa ser demovido pelos líderes europeus até porque "eles não têm credibilidade". Krugman vai mais longe e antecipa que a coligação de esquerda radical possa até nem ter um programa suficientemente diferente face ao até agora seguido.
"O problema com os planos do Syriza poderá ser que não sejam suficientemente radicais". Porque "um alívio da dívida e uma redução da austeridade podem diminuir a angústia económica, mas é duvidoso que seja suficiente para garantir uma forte recuperação", defende Paul Krugman.
Portanto, clamar "por uma grande mudança" como fez Tsipras "é bem mais realista" do que as alternativas defendidas pelas instituições europeias. Por esse motivo, Krugman acredita que "o resto da Europa deveria dar uma oportunidade [a Tsipras] para acabar com o pesadelo do país".
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