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A impunidade dos fortes

por antipulhítico, em 20.02.20

 

Num contexto de esforço financeiro pedido aos contribuintes, que continuam a pagar a gestão danosa destes alquimistas do grande capital, o mínimo exigível seria garantir a liquidação das coimas e multas aplicadas. Como poderá perceber na edição de hoje do JN, nem isso acontece. Dez antigos gestores foram chamados a liquidar 16,8 milhões de euros, tudo na sequência de irregularidades detetadas pelos supervisores, só que, por motivos vários, a maioria das multas ficam por cobrar. A contestação é quase sempre gizada em grandes escritórios de advogados e, não raras vezes, termina em prescrição. O resultado é devastador para a credibilidade do Estado.

A crise da banca, uma desconstrução de instituições e personalidades que se projectaram de braço dado com políticos importantes um pouco por todo o Mundo, não é de agora. Os primeiros abalos foram sentidos em 2008 e as cascatas desabaram até chegarem a esta estabilidade construída em porcelana, onde somos aconselhados a mexer devagarinho. À queda dos impérios, os países foram respondendo com estratégias distintas. Do 80 da pequena Islândia, onde foi criada uma prisão especial para os responsáveis por fraudes, corrupção e branqueamento de capitais, ao 0,8 de Portugal, onde a verdadeira punição caiu em cima dos contribuintes.

É por isso que não me surpreende que também no nosso país comecem a conquistar admiradores movimentos acantonados nas franjas da democracia. A culpa é de todos, mas sobretudo de um Estado cuja eficácia na cobrança parece extinguir-se quando os prevaricadores são os donos das grandes fortunas.

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Quem é Dominic Cummings?

por antipulhítico, em 29.01.20

 

http://visao.sapo.pt/atualidade/2019-10-05-Quem-e-Dominic-Cummings-o-genio-do-Brexit-?fbclid=IwAR0rqheIGNhJ9pJetlBsWvc0838eePiueLbXG6Wr6ZLq05wHvuEvXo2LVNY 
  TOLGA AKMEN

Em 2016, convenceu a maioria dos britânicos a abandonarem a União Europeia. Agora, quer acabar o trabalho o quanto antes e não olha a meios para ser bem-sucedido. Quem é Dominic Cummings, o estratega que aconselha Boris Johnson e define as políticas de Londres?

Filipe Fialho

FILIPE FIALHO

Jornalista

“Já tivemos chefes de Governo que eram muito chegados aos seus conselheiros, mas nunca pessoas que parecem controlar o trabalho dos ministros. Ele comporta-se como um autêntico vice-primeiro-ministro. É como se o Reino Unido estivesse a ser governado por alguém que não foi eleito.” O aviso é de um dos mais prestigiados académicos britânicos, Timothy Paul Bale, professor na Universidade Queen Mary, em Londres. Quanto ao alvo do seu comentário, dá pelo nome de Dominic Cummings, o todo-poderoso estratega e conselheiro especial de Boris Johnson, o primeiro-ministro do país.

Comecemos por um recente incidente, no interior do número 10 de Downing Street, para que se fique a perceber do que é capaz esta personagem nascida há 47 anos, em Durham, no Norte de Inglaterra. No final da tarde de 29 de agosto, Sonia Khan, principal conselheira do ministro das Finanças, é chamada para uma reunião urgente na residência oficial do chefe de Governo. Ao entrar, é imediatamente acompanhada para uma sala onde a esperava Dominic Cummings. Este último, frente a vários outros assessores, acusa-a de ser uma “traidora” e de promover fugas de informação para a Imprensa. Surpreendida e sem capacidade de resposta, Sonia obedece ainda quando lhe são pedidos os seus dois telemóveis – um para os contactos oficiais, o outro para os pessoais. Com os aparelhos desbloqueados, Dom – como também é conhecido, embora haja cada vez mais gente a chamar-lhe Darth Vader – começa a inspecionar as listas de chamadas. Alguns minutos depois e com a tensão ao rubro, o estratega do primeiro-ministro diz-lhe que ela está despedida. Motivo: andou a falar com elementos da equipa de Philip Hammond, o ex-ministro das Finanças e deputado conservador que tem sido um dos rostos da oposição interna a Boris Johnson e que defende uma saída negociada com a União Europeia.

Sonia Khan ainda tenta defender a sua honra e explica que se limitou a falar com um antigo colega de trabalho e amigo. Em vão. Aos berros, Cummings explica-lhe que a decisão está tomada e que ela pode arranjar outro emprego. Mas o incidente, relatado com todo o pormenor pelos órgãos de comunicação social britânicos, não acaba aqui. Com ar enlouquecido, Dom decidiu igualmente chamar um elemento da Scotland Yard para acompanhar Sonia Khan até à rua. As várias testemunhas nem queriam acreditar: “O que ele anda a fazer é nojento. Pavoroso!”, afirmou ao diário The Guardian alguém que preferiu não se identificar por razões óbvias. No dia seguinte, foi a vez de o ministro das Finanças, Sajid Javid, ir pessoalmente a Downing Street pedir satisfações a Boris Johnson, manifestando a sua indignação por ninguém lhe ter dito nada sobre Sonia Khan e por entender que Dominic Cummings está “fora de controlo”. Claro que o protagonista desta história saiu incólume de todo o processo, apesar dos numerosos protestos. Um antigo diretor da Scotland Yard, Dal Babu, afirmou que deveria haver uma investigação ao que se passou a 29 de agosto, com vários dirigentes conservadores e da oposição a partilharem a mesma opinião e a denunciarem a “cultura do medo” e o “reino de terror” instituídos pelo antigo e brilhante estudante de Oxford. O mais curioso é que tudo isto era mais do que previsível. Em meados de julho, Boris Johnson contratou Dominic Cummings com a missão de consumarem o divórcio com a União Europeia até 31 de outubro, de neutralizarem Nigel Farage (o eurofóbico líder do Brexit Party) e de esmagarem Jeremy Corbyn e o resto da oposição, na eventualidade de haver eleições legislativas antecipadas. O desafio foi logo aceite por Dom mas, tal como fizera em 2016, quando o incumbiram de chefiar a campanha do Leave, exigiu liberdade total para fazer o que lhe desse na real gana – com um pormenor adicional. Além de autonomia nas decisões, exigia ainda fidelidade incondicional. E, como a maioria dos jornais britânicos informou no final de julho, a primeira reunião organizada por Cummings em Downing Street serviu para ele transmitir uma mensagem muito clara a todos os colaboradores: “Quem discutir as minhas decisões pode considerar-se despedido.” A sorte de Sonia Khan demonstra que ele aparenta ter muitos e grandes defeitos, mas é um homem de palavra.

AS PAIXÕES RUSSAS

Filho de um engenheiro e gestor da indústria petrolífera e de uma professora, Dominic Cummings fez uma estranha opção de carreira quando terminou os seus estudos em História Antiga e Contemporânea. Entre 1994 e 1997, viveu e trabalhou na Rússia, onde se apaixonou pela língua e pelas obras de Dostoiévski, de Tchékhov e, sobretudo, de Tolstói – sabendo de cor páginas inteiras do romance Anna Karenina. O seu percurso em Moscovo está envolto em algum mistério, mas tudo indica que foi um dos muitos estrangeiros que aproveitaram a implosão da União Soviética para se lançarem nos negócios e faturarem à custa do caos reinante durante a presidência de Boris Ieltsin. É também esta herança russa que leva muitos dos seus detratores a chamarem-lhe Beria – devido a Lavrentiy Beria, antigo chefe da polícia secreta estalinista e um dos maiores torcionários do período soviético.

No entanto, quem melhor conhece Dominic Cummings afiança que uma das suas figuras inspiradoras é o coronel John Boyd, um antigo piloto da Força Aérea dos EUA. Também apelidado The Mad Major Genghis John, este antigo conselheiro do Pentágono era uma figura carismática que lidava mal com a autoridade, mas que influenciou milhares de militares e de gestores com as suas teorias sobre como se deve reagir a um determinado acontecimento para derrotar os adversários, nomeadamente o conceito de OODA Loop (do modelo ou ciclo, em inglês, “Observe Orient Decide Act”). As noitadas promovidas nas últimas semanas por Cummings, às vezes regadas a cerveja, retratam igualmente o espírito de corpo e o ambiente de caserna, com ele a exigir que os outros assessores lhe respondam com um sonoro “Yes, sir” e renunciem a horas de sono e ao tempo com a família. Aliás, a 15 de agosto, num perfil que lhe foi traçado por The Telegraph, explica-se que ele quer dedicação exclusiva para a sua missão ser bem-sucedida e que está disposto a abdicar de fins de semana, folgas e qualquer descanso até o Reino Unido estar formalmente fora da União Europeia. Uma regra que se aplica não apenas a si como a todos os que com ele têm de trabalhar. Ou seja: é uma pessoa metódica, incansável, inteligente e maníaca. Traços que já exibia em Oxford e que levavam alguns seus companheiros a alvitrarem-lhe grandes voos futuros: “Já se percebia que ele tinha de fazer alguma coisa maluca, como ser ditador num qualquer país distante.” No entanto, ainda de acordo com The Telegraph, um antigo professor de Dom, Michael Hart, recorda-o como um “aluno muito esperto” que não era exatamente obsessivo, antes alguém “muito determinado”.

 

OS SUBSÍDIOS E OS INSULTOS

O currículo de Cummings atesta-o. Ele não se move por cargos, dinheiro ou honrarias. E não perde nunca uma oportunidade para dizer o que pensa, doa a quem doer. No início do século, quando se tornou um verdadeiro spin doctor (consultor político), deu mostras do seu euroceticismo e aceitou trabalhar para o então líder do Partido Conservador, Iain Duncan Smith. O seu objetivo era combater o governo trabalhista de Tony Blair e impedir que Londres abdicasse da libra e desse luz verde à substituição da moeda britânica pelo euro. Foi bem-sucedido, mas demitiu-se logo a seguir e assinou uma coluna de opinião a explicar que Duncan Smith era um “incompetente” e que, caso chegasse ao poder, seria “um primeiro-ministro ainda pior do que Blair”. O desemprego e o tempo livre levaram-no a passar largas temporadas na quinta da família, em Durham, onde aproveitou para estudar, ler e aprofundar os seus conhecimentos de russo e de matemática. Sabe-se agora que, no último quarto de século, a dita propriedade recebeu mais de 235 mil euros em subsídios agrícolas da União Europeia, mas que isso nunca alterou a postura anti-Bruxelas de Cummings.

Em 2007, acabava-se o retiro em Durham e Londres voltava a chamar Dominic. Desta vez, o convite era feito por Michael Gove, um antigo militante trabalhista que mudou para os tories quando frequentava a Universidade de Oxford, onde conheceu Boris Johnson e David Cameron. Três anos depois, Gove era ministro da Educação, e Cummings o seu principal assessor e chefe de gabinete. Uma oportunidade única para mostrar o que valia. As suas opiniões e comentários faziam com que o seu sucesso fosse proporcional às inimizades que ia alimentando. Desbocado como sempre, descrevia sindicatos, professores e funcionários públicos, em geral, como “the blob” – ou “amiba”, numa referência ao filme de ficção científica homónimo, estreado em 1958, no qual entrava Steve McQueen e cuja história se resumia a um ser extraterrestre e gelatinoso que invade o planeta e engole a civilização. Uma vez, desafiou diretamente uma proposta do vice-primeiro-ministro, o liberal democrata Nick Clegg, ao dizer publicamente que ele bem podia esperar sentado até haver refeições gratuitas nas escolas. 
O facto de nunca se ter inscrito como militante do Partido Conservador também lhe permitiu criticar impunemente vários dirigentes tories, como é o caso de David Davis, também ele um eurocético dos quatro costados, acusado por Cummings de ser um “bronco” e “preguiçoso como um sapo bexigoso”. Mimos pelos quais acabaria por pagar caro, com o primeiro-ministro David Cameron a dizer, em 2014, que Dominic era um "psicopata de carreira". O assessor veio a demitir-se mas, curiosamente, nunca se conheceram pessoalmente.

PRONTO PARA NOVO REFERENDO

O ambiente de crispação dentro dos tories por causa da União Europeia acabou por baralhar os planos de Dominic passar mais tempo com a mulher, a aristocrata Mary Wakefield, editora da revista, quase centenária, The Spectator. E no início do verão de 2016, acaba por saborear a maior vitória política da sua vida. No referendo realizado a 23 de junho desse ano, 51,8% dos eleitores britânicos (17,4 milhões de pessoas) votam a favor do Brexit. É o corolário de uma campanha de praticamente um ano em que ele, como diretor, usou de todos os truques para alcançar a vitória. O famoso slogan “Take back control” (“Retomemos o controlo”, do Reino Unido entenda-se) é da sua autoria, tal como a decisão de pôr autocarros vermelhos pelo país a informar que Londres pode e deve deixar de pagar à União Europeia 350 milhões de libras por semana, para que esse dinheiro seja investido no NHS, o sistema nacional de saúde (público). Pelo meio, ainda espalhou rumores absurdos – como a possibilidade de 70 milhões de turcos entrarem no Reino Unido face à iminente adesão de Ancara à UE. No entanto, como várias investigações acabariam por demonstrar, Dominic Cummings contou com a preciosa ajuda de empresas especializadas em big data (sobretudo a AggregateIQ ) que o ajudaram a seduzir e a mobilizar eleitores indecisos e mal informados, através das redes sociais. Por outro lado, a campanha do Leave foi formalmente acusada de ter violado as regras de financiamento eleitoral, ao ter ultrapassado o patamar máximo de sete milhões de libras, através de expedientes ilícitos e de doações que continuam por explicar. Como se não bastasse, Cummings foi ainda acusado de desobediência pelo Parlamento, em março, por se recusar a prestar esclarecimentos sobre os seus métodos políticos. O spin doctor, que é também admirador de Sun Tzu e de Bismarck, alega estar inocente e nega, por exemplo, ter contado igualmente com o auxílio da Cambridge Analytica, a famosa empresa que geriu clandestinamente milhões de dados e de perfis do Facebook. No entanto, não deixa de ser espantoso que o desempenho de Cummings, nas últimas seis semanas, coincida com as novas divisões entre os habitantes do Reino Unido por causa do Brexit. O país, no entender de muitos analistas, está a viver a pior crise constitucional dos últimos 350 anos, e há uma forte possibilidade de tudo isto se prolongar. É que Dominic Cummings é um verdadeiro “engenheiro do caos” – expressão do ensaísta italiano Giuliano da Empoli – e basta ir ao seu blogue para o perceber. No texto que aí publicou a 27 de março, intitulado As ações têm consequências, adverte os seus adversários de que está pronto para um novo referendo e que eles continuam sem perceber o que lhes aconteceu nos últimos três anos: “Vencê-los de novo e por uma vantagem maior será mais fácil do que em 2016.”

6 factos incríveis sobre Dominic Cummings

A cada dia que passa, o principal conselheiro e estratega do primeiro-ministro britânico alimenta polémicas. E é cada vez mais óbvio que ele se está a divertir no cargo que ocupa há pouco mais de dois meses

1.Margaret Thatcher, a antiga primeira-ministra do Reino Unido (1979-1990), costumava dizer que os "conselheiros servem para aconselhar, os governantes servem para governar". Dominic Cummings é o caso típico de alguém que é muito mais do que um spin doctor. É ele que define de forma clara a estratégia de Boris Johnson, o atual líder do Governo britânico. Aliás, é por isso que vários dirigentes do Partido Conservador e da oposição já exigiram a demissão de Cummings.

2. Devido à influência de Cummings, o primeiro-ministro Boris Johnson decidiu afastar no final de setembro dois conselheiros históricos do Partido Conservador, sir Lynton Crosby e Will Walden. Para os meios de comunicação social britânicos não há quaisquer dúvidas: Boris já só aceita dicas de duas pessoas: a namorada, Carrie Symonds, e Dominic Cummings.

3. O estratega mor do Governo britânico tem sido comparado a Rasputine, o místico e polémico conselheiro do último czar da Rússia, mas os tablóides e o resto dos media usam outras alcunhas para Dominic Cummings: Darth Vader, o vilão da saga Star Wars; The Mekon, a personagem malvada de uma banda desenhada dos anos 60 do século passado; e Beria, o líder da antiga polícia política soviética, no tempo de Estaline.

 

4. A 3 de setembro, enquanto Boris Johnson anunciava aos deputados britânicos a suspensão do Parlamento durante cinco semanas para impor um hard Brexit e formalizar a saída da União Europeia a 31 de outubro, Dominic Cummings decidiu aparecer e circular de forma provocadora nos corredores parlamentares, de copo de vinho na mão.

5. Na primeira semana de setembro, Cummings terá confessado a alguns amigos e colaboradores que só votou uma vez na vida: no referendo de junho de 2016, em que 52% dos britânicos se manifestaram a favor de uma saída do país da União Europeia.

6. Apesar do Supremo Tribunal ter considerado ilegal a decisão do Governo de suspender o Parlamento e de uma série de outros revezes políticos, Boris Johnson permanece fiel à estratégia definida por Cummings: saída formal da UE no dia das Bruxas, convocar eleições legislativas antecipadas e, se necessário, realizar um novo referendo sobre a UE. O estratega que criou o novo slogan usado pelo Executivo, Get Brexit done (vamos fazer acontecer o Brexit), está convencido que pode esmagar a oposição numa eventual ida às urnas e as sondagens dão-lhe razão. Os tories levam dez pontos de vantagem sobre a oposição, o partido ganhou mais de 25 mil novos militantes desde o início do verão e as doações e os financiamentos estão a crescer a um ritmo nunca visto nos últimos anos.

 



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Ladrão...

por antipulhítico, em 15.05.19

            definição de  “Ladrão 

de François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudónimo Voltaire

Na vida, existem dois tipos de ladrões:

1- O ladrão comum: é aquele que rouba o seu dinheiro, a sua carteira,o seu relógio, o seu cavalo, etc.

2- O ladrão político: é aquele que rouba o seu futuro, os seus sonhos, o seu conhecimento, o seu salário, a sua educação, a sua saúde, as suas forças, o seu sorriso, etc.

A grande diferença entre estes dois tipos de ladrões, é que o ladrão comum escolhe-o a si para roubar os seus bens,enquanto o ladrão político é você que o escolhe, para ele o roubar.

A outra grande diferença, não menos importante, é que o ladrão comum é procurado pela polícia, enquanto o ladrão político é geralmente protegido pela polícia.

Pense bem antes de escolher o “seu“ ladrão..

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O total de imparidades registadas pelos nove maiores devedores chega aos 912,1 milhões de euros.

Seguem os nomes que surgem na lista dos maiores devedores da CGD., divulgado pela comunicação social.

Grupo Artlant – 476,4 milhões de euros e 214 milhões em perdas de crédito (imparidades) reconhecidas. A Artlant foi criada para desenvolver um grande projecto industrial em Sines, com a construção de uma unidade do sector químico. O promotor era o grupo catalão La Seda, grupo que depois de entrar em crise chegou a ter como accionista de referência o empresário português Carlos Moreira da Silva, líder da Barbosa e Almeida (e accionista do Observador). A Caixa Geral de Depósitos começou por ser uma grande financiadora, mas acabou por se tornar accionista da La Seda, onde ainda tem 14%, e da própria Artlant. Um envolvimento que tinha também como objectivo assegurar a realização do investimento na fábrica de Sines.
A empresa avançou com um processo de revitalização especial (PER) e em 2015, a Caixa reclamou créditos superiores a 520 milhões de euros. A última informação disponível já do início de 2015 é da que foi proferida a sentença de homologação do plano de recuperação.

Grupo Efacec – 303,2 milhões de euros de créditos e 15,2 milhões de imparidades. A exposição resultará do financiamento à empresa, mas também aos seus dois maiores accionistas, o grupo José de Mello e a Têxtil Manuel Gonçalves. Os grupos portugueses venderam 65% da principal unidade do grupo Efacec, a Efacec Power Solutions, a Isabel dos Santos há cerca de um ano. O negócio, avaliado em 200 milhões de euros, foi mais do que uma simples venda, esteve enquadrado numa reestruturação de dívida dos accionistas e da empresa. A Caixa enquanto credora participou no financiamento desta operação.

Vale de Lobo – 282,9 milhões de euros de exposição e 138,1 milhões em imparidades. É um negócio imobiliário polémico que se cruza com o inquérito judicial ao antigo primeiro-ministro José Sócrates e que envolve ainda Hélder Bataglia, o presidente da Escom. A decisão da Caixa Geral de Depósitos de entrar no empreendimento de luxo no Algarve data de 2006 e tem sido atribuída ao então administrador do banco público, Armando Vara. A Caixa é accionista da sociedade que explora Vale do Lobo, ao mesmo tempo que é a maior financiadora. Em 2014, a holding de imobiliário que detinha esta participação reconheceu perdas de 196 milhões de euros, parte da qual será atribuída a Vale do Lobo. Nas contas de 2015, a Caixa diz que a situação líquida era negativa em 137 milhões de euros. O banco do Estado tem uma participação financeira de 24%, mas é também o maior credor deste empreendimento que no ano passado foi posto à venda.

Auto Estradas Douro Litoral – 271,3 milhões de exposição e 181,4 milhões de créditos perdidos. A concessão de autoestradas volta a cruzar os caminhos do banco do Estado com o grupo José de Mello que, através da Brisa, é um dos maiores accionistas desta concessionária que entrou em incumprimento dos compromissos financeiros assumidos com os bancos financiadores, nomeadamente ao nível dos rácios. A Douro Litoral é uma concessão com portagens cuja receita tem-se revelado muito abaixo do previsto e insuficiente para remunerar o investimento. A empresa tem em curso vários pedidos de compensação financeira ao Estado, no valor global de cerca de 1,4 mil milhões de euros que estão a ser analisados em tribunal arbitral.

Grupo Espírito Santo – 237,1 milhões de euros em créditos e 79 milhões de imparidades. A Caixa Geral de Depósitos, enquanto maior banco português, foi também a instituição financeira que mais exposta estava ao Grupo Espírito Santo. O Observador fez um levantamento, em maio do ano passado, da exposição da banca ao GES, ainda com base em listas provisórias de valores reclamados pelos credores de sete sociedades que estavam em processo de revitalização ou insolvência. O montante era da ordem dos 1.300 milhões de euros. A Caixa reclamava cerca de 410 milhões de euros.

Grupo Lena – 225 milhões de créditos e 76,7 milhões de imparidades. O grupo construtor com sede em Leiria foi um dos que mais cresceu durante o último ciclo de obras públicas em Portugal, durante os governos de José Sócrates. O Grupo Lena esteve nas autoestradas, na renovação do parque escolar, e no projecto da rede de alta velocidade (TGV), onde fez parte do consórcio que ganhou o primeiro contrato, e que entretanto foi cancelado. A Lena cresceu também para outros sectores — turismo, energia e comunicação social — e outras geografias, ganhando importantes contratos em mercados emergentes, como a Argélia e a Venezuela. A demora e incerteza na concretização destes contratos internacionais, alguns obtidos à boleia das viagens oficiais do ex-primeiro ministro, José Sócrates, e o asfixia do mercado de construção português apanharam o grupo em contramão, em plena aposta expansionista. A Lena teve que travar a fundo e fazer uma reestruturação do seu endividamento.

Grupo António Mosquito – 178 milhões de euros e 49,2 milhões de euros de créditos perdidos. O empresário angolano sempre ajudado e representado pelo seu advogado Proença de Carvalho, está associado a dois investimentos em Portugal: a Soares da Costa e a Controlinveste. No caso da Caixa, a exposição a António Mosquito poderá resultar do financiamento ao empresário português que era o maior accionista da Soares da Costa, Manuel Fino. A Caixa era um das grandes financiadoras de Manuel Fino, tendo inclusive, executado uma parte das ações que o empresário tinha na Cimpor.

Reyal Urbis – 166,6 milhões de euros de empréstimos que lhe foram concedidos, com 133,3 milhões de imparidades. A imobiliária espanhola já estava identificada em 2013 como uma das principais devedoras da Caixa, altura em que apresentou um processo de insolvência — o segundo maior da história de Espanha. No ano anterior, o endividamento da empresa tinha chegado ao 3, 6 mil milhões de euros. O Santander e a filial Banesto estavam entre os maiores credores da imobiliária que lhe devia 830 milhões de euros, apontava então o jornal espanhol El Mundo que colocava a CGD na lista dos credores minoritários.

Finpro SCR – 123,9 milhões de euros e 24,8 de imparidades totalizadas. Esta sociedade teve como accionistas Américo Amorim, o fundo da Segurança Social e o Banif, e realizou vários investimentos internacionais, financiados com dívida, sobretudo na área das infraestruturas. A Finpro entrou em processo especial de revitalização em 2014 e notícias apontam a Caixa como detentora de mais de metade da dívida da Finpro. Uma das participações da Finpro era no sociedade gestora do Porto de Barcelona que foi vendida no ano passado. A sociedade terá entretanto sido considerada insolvente com uma dívida de 268 milhões de EUROS.

E SE VOCÊ TIVER UMA DÍVIDA DE 5 EUROS AO FISCO……CUIDADO….

E QUEM VAI TER QUE PAGAR ESTA PIPA DE MASSA ?

ADIVINHOU?

CERTO!?

 

 

 

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Pensamento do dia (de uma grande mulher)!

por antipulhítico, em 05.05.18

A 2 de fevereiro de 1905 nasceu em S. Petersburgo a filósofa e
escritora americana Alissa Zinovievna Rosenbaum, mais conhecida como
Ayn Rand, falecida em Março de 1982 em Nova York. Ficou famosa esta
frase dela, que se aplica como uma luva ao que vivemos em Portugal nos
dias de hoje:

"Quando te deres conta de que para produzir necessitas obter a
autorização de quem nada produz, quando te deres conta de que o
dinheiro flui para o bolso daqueles que traficam não com bens, mas com
favores, quando te deres conta de que muitos na tua sociedade
enriquecem graças ao suborno e influências, e não ao seu trabalho, e
que as leis do teu país não te protegem a ti, mas protegem-nos a eles
contra ti, quando enfim descobrires ainda que a corrupção é
recompensada e a honradez se converte num auto-sacrifício, poderás
afirmar, taxativamente, sem temor a equivocar-te, que a tua sociedade
está condenada. “



AYN RAND (1950)

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Professor quem és tu?

por antipulhítico, em 04.12.17

CIENTE! que aprendeu foi somente caminho para o que é, e quem o instruiu, ensinou, educou, já lá foi ou simplesmente cumpriu seu papel, LEIA E REFLITA sobre este "statement" de Merkel e RECORDE com o RESPEITO e GRATIDÃO que sempre serão devidas às pessoas que fizeram de você o que você é!

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As minhas imagens de 2017

por antipulhítico, em 25.11.17

Cabo do Mundo

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Político, Pulhítico...

por antipulhítico, em 25.11.17

"Eu fiz política 

Nasci

Cresci

Pulei

 Puli 

Poliram-me 

 

Gostei!

 

Pulhi 

Pulhei 

Subi

Cheguei 

 

Sou Rei! 

 

 

Eu fiz política 

Morri 

Mirrei 

 

 

Que fui?

Político?

Pulhítico?

 

 

Não sei?"

 

 

De: Carta aberta ao mundo de Nelson Mendes

Janeiro 1975 - Edições ITAU

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Altice – Tudo “bons rapazes”!

por antipulhítico, em 03.10.17

Do jornal "O Tornado"

 

Para se poder ter uma noção real do que se está a passar na PT/Meo/Altice e daquilo com que não apenas os seus trabalhadores, mas também os cidadãos portugueses em geral estão confrontados, é preciso conhecer-se o que são verdadeiramente a Altice e os seus satélites, os seus donos e os seus gestores, e as respectivas práticas e objectivos.o     

 

1. O que é, afinal, a Altice e quem são os seus donos?

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A Altice é – na sua essência e independentemente da miríade de entidades (só) jurídico-formalmente distintas que ela vai constituindo, designadamente em cada País onde actua – um fundo de investimento, criado no Luxemburgo em Maio de 2001, direccionado essencialmente para os sectores das telecomunicações e, cada vez mais, para a informação da comunicação social (eufemisticamente designada de “produção de conteúdos”). Os seus três fundadores e principais accionistas são o franco-israelita Patrick Drahi (que, em Setembro último, numa conferência de imprensa realizada após a compra da operadora americana Cablevision, declarou publicamente: “eu não gosto de pagar salários. Pago o mínimo que puder”), o milionário português Armando Pereira, residente em Lausanne, conhecido como o “implacável no corte de custos”, o principal responsável pelos despedimentos na Cabovisão e na Oni e apresentado pelo ex-ministro Pires de Lima como “um herói”) e Bruno Boineville, todos eles constando entre os 5 mais ricos investidores ligados à internet em França.

Em Portugal, a Altice começou por comprar, em 2012, a Cabovisão somente por 45 milhões de euros à empresa canadiana Cogeco Cable, que a havia adquirido 6 anos antes por 465 milhões, e logo a seguir levou a cabo um despedimento colectivo de mais de 100 trabalhadores (com grávidas e dirigentes sindicais à cabeça) que, aliás, ainda hoje esperam pelo pagamento das respectivas indemnizações.

Em meados de 2013, a Altice comprou, por 80 milhões de euros aos seus dois accionistas (Onigestin e Riverside) a Oni, a qual tinha sido vendida, 7 anos antes, pela EDP pelo montante de 160 milhões de euros.

Em Junho de 2015, a Altice – que entretanto vendeu quer a Cabovisão, quer a Oni ao fundo de investimento APAX – comprou à Oi, por cerca de 7.4 mil milhões de euros, a PT Portugal SGPS, SA (resultante da divisão da primitiva Portugal SGPS, SA nessa mesma empresa e na PT SGPS, a holding ligada à falida Oi, e hoje denominada Pharol).

Mesmo esse negócio está envolto em circunstâncias mais que nebulosas. Desde logo, porque a Altice beneficiou de um gigantesco desconto de 1,3 mil milhões de euros supostamente a título de contingências ou encargos com os trabalhadores ditos excedentários.

Depois, porque, mesmo antes de tal negócio estar concretizado, já o então Ministro da Economia Pires de Lima visitara, em Maio de 2015, a sede da Altice em Paris, tal como foi com a mesma Altice visitar a PT Inovação em Aveiro e inaugurou, com Armando Pereira ao lado, o centro de apoio a clientes em Vieira do Minho.

Enfim, porque Hernani Vaz Antunes, um dos testas de ferro do mesmo Armando Pereira, foi entretanto a Tribunal reclamar (ainda que até agora sem êxito) a “módica” quantia de 70 milhões de euros a título de “comissão” pelas actividades de intermediação no dito negócio, designadamente reuniões com o Presidente da Oi, Otávio Azevedo, entretanto preso no Brasil em Julho de 2015, no âmbito da chamada “Operação Lava Jacto”…

E o que tem sempre feito a Altice em toda a expansão do seu negócio e em todas as aquisições?

Tem desde logo esperado, qual abutre atento, pela agonia de empresas ou grupos empresariais e adquirido os mesmos a preço de saldo, pelo método do endividamento (o denominado leverage buy out ou high by-leveraged transaction, em que uma significativa parte do preço de compra é financiada por “alavancagens”, ou seja, empréstimos), aumentando assim exponencialmente as dívidas do próprio Grupo Altice, que passaram de 2 mil milhões de euros em 2012 para 50 mil milhões de euros em 2016, para além de ter um montante de mil milhões de provisões para litigâncias inscritos nos respectivos balanços.

Depois, tem procedido a violentos “cortes de custos” (leia-se, abaixamento de salários e despedimentos) e a cessões formais de áreas de negócio para empresas subsidiárias, praticamente sem capital e sem património, e também sem contratação colectiva nem direitos sociais, mas que são detidas e/ou comandadas pela própria Altice.

2. E quem é o Sr. Michel Combes?

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Como chairman da Numericable-SFR do Grupo Altice e Chief Operating Officer da mesma Alltice, é a cara mais visível do Grupo e é o tal que tem repetidamente afirmado que não existiria qualquer plano para fazer despedimentos em Portugal e que foi completamente desmascarado com a revelação do estudo interno contemplando 3 cenários de despedimentos, de entre 4.000 a 6.500 trabalhadores.

O Sr. Michel Combes foi Vice-Presidente e Director Financeiro da France Telecom (que entretanto mudou de nome para Orange) onde, sobretudo entre 2006 e 2009, houve uma violenta reestruturação que determinou 60 suicídios. Saído dessa empresa por ter perdido para Didier Lombard a batalha pela presidência, acabou na Alcatel-Lucent onde chefiou directamente um violento processo de corte de custos (leia-se, mais despedimentos) e preparou a fusão com a concorrente Nokia para, nas vésperas da consumação de tal fusão, sair com um pacote compensatório de… 13.7 milhões de euros (o qual, após inúmeros protestos e denúncias e até a intervenção da própria Medef, a confederação patronal francesa, lá aceitou que fosse reduzido para 7.9 milhões de euros, numa drástica história que aliás faz lembrar a da PT, em que gestores como Zeinal Bava e Henrique Granadeiro fizeram cair o valor da empresa 87% em 10 anos – de 2004 a 2014 – mas se pagaram a si próprios “prémios de gestão” de 117 milhões de euros!…

E na SFR o Sr. Combes é também responsável por cerca de 5.000 despedimentos, que inicialmente se comprometera a não executar durante um período mínimo de 3 anos mas que já manifestou a intenção de levar rapidamente a cabo.

3. E quem, afinal, é Paulo Neves?

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Ele também passou pela Oni em 1998, mas foi CEO da PT desde Julho de 2015, altura em que escreveu uma carta aos trabalhadores onde declarou que era “com elevado sentido de responsabilidade e enorme satisfação” que assumia tal cargo e que a PT Portugal era “uma referência no sector, em Portugal e no mundo. Uma empresa líder e com reconhecido ADN de inovação”. Para logo algum tempo depois se arrogar dizer que “a PT conseguia fazer o mesmo que faz agora com menos 5000 trabalhadores”.

Para culminar, em 12 de Julho último, confessou em audiência na Comissão Parlamentar de Solidariedade e Trabalho que o número de contra-ordenações levantadas pela ACT quintuplicou no presente ano de 2017, que as saídas dos trabalhadores são “uma primeira parte do processo de agilização da empresa”, que – apesar de o ter negado ao Público em 16/12/16 – há cerca de 200 trabalhadores para quem “não há trabalho e que não devem estar a ser pagos sem estar a trabalhar”, “que existem salas ou serviços de “deslocalização” para os trabalhadores que não aceitam assinar revogações por mútuo acordo (mesmo que sem acesso ao subsídio de desemprego). Ou seja, teve afinal de confessar que as declarações pomposas do Sr. Michel Combes de que não haveria qualquer plano de despedimentos, imediatos ou a prazo na PT, e que todos os direitos dos trabalhadores seriam respeitados, não passam de uma verdadeira falácia.

Tendo-lhes caído por completo a máscara, só restava ao Sr. Combes virar o disco e tocar o mesmo, ou seja, substituir o Sr. Neves por uma nova cara, a da Senhora Cláudia Goya que, vinda da Microsoft, também já anunciou o seu… “elevado sentido de responsabilidade” e tem por objectivo “elevar o estatuto da PT a referência mundial no sector”.

4. O desmascaramento dos “bons rapazes”

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Perante o desmascaramento não apenas de todo aquele plano de despedimentos como também do sucessivo decréscimo do investimento tecnológico de qualidade, a PT/Altice/Meo voltou-se então para a última das manobras fraudulentas: a da transferência de trabalhadores para outras empresas, sob a invocação de pretensa transmissão de empresa ou de estabelecimento.

A verdade, porém, é que os serviços prestados pelas pretensas unidades pretensamente transmitidas (ou parte delas…) continuam a ser assegurados pelos mesmos trabalhadores, nos mesmíssimos locais de trabalho, com os mesmos instrumentos, utensílios, aplicações informáticas de suporte e os mesmos processos e objectivos de negócio, sob os mesmos planos, orientações e directrizes da Altice e respectivas chefias, só que (e apenas nalguns casos) aparentemente intermediadas por quadros das ditas empresas prestadoras de serviços. As quais são empresas do Grupo Altice (Sudtel Tecnologia, Tnord Tech, Field Force Atlântico) e actuarão nos termos dos contratos, designadamente de prestação de serviços e/ou de cessão de exploração, cujos exactos termos estão a ser escondidos mas tornam absolutamente claro que essa pretensa “transmissão de estabelecimento” não passa de uma fraude à lei, tão só destinada a emagrecer falsa e fraudulentamente a PT e a permitir um futuro e rentável negócio da venda da empresa “às postas”.

Aliás, com as assim artificialmente criadas diminuição da massa salarial e elevação dos custos da PT (pelas prestações de serviço asseguradas por empresas do Grupo, não apresentam lucros em Portugal mas consolidam contas nas holdings do Grupo sitas na Holanda e no Luxemburgo), não apenas é cada vez mais reduzida a solvabilidade da própria PT, como são as receitas do Estado português em sede de impostos, principalmente de IRS e de IRC, que são cada vez menores.

E a provocatória “cereja no topo do bolo” de todo este processo de “desnatação” produtiva, tecnológica e laboral – que torna bem clara a natureza do grande negócio de especulação financeira que ele representa – é a última das invenções fraudulentas da Altice: obriga a Meo e a PT a mudarem de nome para a Altice e cobra por isso à PT algo como 50 a 70 milhões de euros anuais que, esvaziando ainda mais os bolsos daquela, vão direitinhos para os bolsos dos senhores Drahi, Monteiro e Boneville, sem encargos fiscais.

A luta dos trabalhadores da PT/Meo/Altice é, pois, mais que justa! E transcende, e em muito, o âmbito da sua própria empresa, assumindo mesmo uma natureza nacional.

Porque no fundo, no fundo, ela significa: a fraude e a ganância dos abutres financeiros não passarão!

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Papa Francisco TED 2017

por antipulhítico, em 24.07.17

Boa noite — ou bom dia, não sei bem que horas são aí. Qualquer que seja a hora, estou contente por participar no vosso encontro. Gosto muito do título – “The future you” – porque olha para o amanhã, mas convida desde hoje ao diálogo, olhando para o futuro convida a dirigir-se a um "tu", "The Future You". O futuro é feito por vós, é feito de encontros, porque a vida decorre através das nossas relações. Os meus muitos anos de vida amadureceram a minha convicção de que a existência de cada um de nós está interligada à dos outros: a vida não é só tempo que passa, mas tempo de encontro. Quando encontro ou escuto doentes que sofrem, emigrantes que enfrentam terríveis dificuldades na procura de um futuro melhor, presos que carregam um inferno no coração, pessoas, em especial os jovens, que não arranjam trabalho, surge-me uma pergunta: "Porquê eles e não eu?" Eu também nasci numa família de migrantes. O meu pai, os meus avós, tal como muitos outros italianos, partiram para a Argentina e conheceram o destino dos que nada possuem. Eu também podia ter acabado entre essa gente "posta de lado". É por isso que me interrogo, do fundo do coração: "Porquê eles e não eu?" Primeiro que tudo, gostaria muito que este encontro nos ajudasse a recordar que todos precisamos uns dos outros, que nenhum de nós é uma ilha, um "eu" autónomo e independente, separado dos outros. Só podemos construir o futuro mantendo-nos juntos, sem excluir ninguém. Não pensamos muito nisso, mas as coisas estão todas ligadas, e precisamos de restabelecer as nossas ligações. Mesmo os juízos duros que guardo no coração contra o meu irmão ou a minha irmã, aquela ferida que não sarou, a ofensa que não foi perdoada, aquele rancor que só me vai fazer mal, é tudo um pedaço de guerra que carrego comigo, é um fogo no coração que é preciso extinguir, antes que irrompa um incêndio que transforme tudo em cinzas. Por diversas razões, muitas pessoas não acreditam que seja possível haver um futuro feliz. Estes temores devem ser levados a sério, mas não são intransponíveis. Podem ser ultrapassados, se não nos fecharmos em nós mesmos. Porque a felicidade só pode ser encontrada como um dom de harmonia de todos os elementos no seu conjunto. Também a ciência — sabeis isso melhor do que eu — aponta para uma compreensão da realidade onde todas as coisas estão numa interligação contínua entre si. Isso leva-me à minha segunda mensagem. Como seria belo se o desenvolvimento da inovação científica e tecnológica fosse acompanhado por uma igualdade e inclusão social sempre maiores! Como seria belo se, à medida que descobrimos novos planetas distantes, descobríssemos as necessidades dos nossos irmãos e irmãs que orbitam à nossa volta! Como seria belo que a fraternidade, esta palavra tão bela e, por vezes, incómoda, não se reduzisse apenas à assistência social mas, pelo contrário, se tornasse na atitude de base nas opções a nível político, económico e científico, nas relações entre as pessoas, os povos e os países. Só a educação na fraternidade, numa verdadeira solidariedade pode ultrapassar a "cultura do desperdício", que não diz respeito apenas aos alimentos e aos bens mas, acima de tudo, às pessoas que são marginalizadas dos sistemas tecnoeconómicos que, sem sequer se aperceberem, não colocam o homem no centro, mas os produtos do homem. A solidariedade é uma palavra que muitos desejam apagar dos dicionários. Mas a solidariedade não é um mecanismo automático, não pode ser programada nem controlada. É uma resposta livre, que nasce do coração de cada um de nós. Sim, uma resposta livre! Quando nos damos conta de que a vida, mesmo no meio de tantas contradições, é um dom, de que o amor é a fonte e o sentido da vida, como é possível retermos o desejo de fazer o bem a outro ser humano? Para fazer esse bem, precisamos de memória, de coragem e também de criatividade. Disseram-me que a TED reúne muita gente muito criativa. Sim, o amor exige uma atitude criativa, concreta e engenhosa. Não bastam as boas intenções e as fórmulas convencionais, tantas vezes usadas para apaziguar a consciência. Todos juntos, ajudemo-nos a recordar que os outros não são uma estatística ou um número. O outro tem um rosto. O outro é sempre um rosto concreto, um irmão de quem devemos cuidar. Jesus contou uma parábola para nos ajudar a perceber a diferença entre os que não se incomodam e os que se preocupam com os outros. Talvez já a tenham ouvido, é a Parábola do Bom Samaritano. Quando perguntaram a Jesus: "Quem é o meu próximo?" ou seja, "Com quem me devo preocupar?" Jesus contou esta história, a história de um homem que tinha sido assaltado, roubado, espancado e abandonado na estrada. Ao vê-lo, um sacerdote e um levita, duas pessoas muito influentes na época, passaram por ele sem parar. Depois, chegou um samaritano, uma etnia muito desprezada. Aquele samaritano, ao ver o homem ferido, no chão, não o ignorou, como os outros, como se ele não fosse ninguém, mas sentiu compaixão por ele, comoveu-se. Essa compaixão levou-o a agir de modo muito concreto. Derramou azeite e vinho nas feridas daquele homem, levou-o a uma hospedaria e pagou do seu bolso para ele ser tratado. A história do Bom Samaritano é a história da humanidade de hoje. O caminho das pessoas está sulcado de feridas, porque o centro de tudo é o dinheiro, são as coisas, e não as pessoas. É habitual que as pessoas que se consideram "de bem", não se preocupem com os outros, deixando para trás tantos seres humanos, populações inteiras, na berma da estrada. Felizmente, também há aqueles que estão a criar um mundo novo, cuidando dos outros, mesmo à custa do seu bolso. De facto, a Madre Teresa de Calcutá disse: "Não podemos amar, se não for à nossa custa". Temos tanto que fazer, e temos que fazê-lo em conjunto. Mas como podemos fazer isso, com todo o mal que respiramos? Graças a Deus, nenhum sistema pode anular a nossa abertura ao bem, à compaixão à capacidade de reagir contra o mal, que nascem no fundo do coração do homem. Podeis dizer-me: "Sim, são palavras maravilhosas, "mas eu não sou o Bom Samaritano, nem a Madre Teresa de Calcutá". Pelo contrário, cada um de nós é precioso. . Cada um de nós é insubstituível aos olhos de Deus. Na noite dos conflitos que estamos a atravessar, cada um de nós pode ser uma candeia acesa, que recorda que a luz vence as trevas, e não o contrário. Para nós, cristãos, o futuro tem um nome, e esse nome é esperança. Ter esperança não significa sermos ingénuos de forma otimista que ignoramos a tragédia dos males da humanidade. A esperança é a virtude de um coração que não se fecha na escuridão, que não se fecha no passado, que não se limita a viver no presente, mas sabe ver o amanhã. A esperança é a porta aberta para o futuro. A esperança é uma semente de vida, humilde e oculta, que se transforma com o tempo, numa enorme árvore. É como um fermento invisível que faz levedar toda a massa, que dá sabor a toda a vida e pode fazer tanta coisa, porque basta uma pequena centelha de luz que se alimenta da esperança para acabar com a escuridão. Basta um único homem para que exista esperança e esse homem pode ser um de vós. Depois, poderá ser um outro e mais outro, e passamos a ser "nós". Então, a esperança só começa quando somos um "nós"? Não. A esperança começou com "um" de nós. Quando somos "nós", começa uma revolução. A terceira e última mensagem que queria partilhar convosco é sobre a revolução, a revolução da ternura. O que é a ternura? É o amor que se aproxima e se torna concreto. É um movimento que parte do coração e chega aos olhos, às orelhas e às mãos. A ternura significa usar os olhos para ver o outro, usar as orelhas para ouvir o outro, para escutar o grito das crianças, dos pobres, dos que têm medo do futuro. para escutar também o grito silencioso do nosso lar comum, desta Terra doente e poluída. A ternura significa usar as mãos e o coração para reconfortar os outros, para cuidar daqueles que precisavam. A ternura é a linguagem dos mais pequeninos, daqueles que precisam do outro. Uma criança afeiçoa-se à mamã e ao papá pelas carícias, pelo olhar, pela voz, pela ternura. Gosto de ouvir o papá ou a mamã a falarem com o seu bebé, quando imitam as crianças e lhe falam tal como ele fala, Isso é ternura: descer ao mesmo nível do outro. O próprio Deus desceu enquanto Jesus para ficar ao nosso nível. Este é o mesmo caminho que o Bom Samaritano percorreu. É o caminho que Jesus percorreu. Baixou ao nosso nível, atravessou toda a vida do homem com a linguagem concreta do amor. Sim, a ternura é o caminho que os homens e as mulheres mais fortes e mais corajosos percorreram. A ternura não é fraqueza, é coragem. É o caminho da solidariedade, o caminho da humildade. Vou dizê-lo claramente: quanto mais poderosos formos, quanto maior for o impacto das nossas ações sobre as pessoas, mais humildes devemos ser. Porque, senão, o poder arruinar-nos-á e arruinaremos os outros. Dizia-se na Argentina que o poder é como beber "gin" em jejum. Sentimo-nos tontos, embriagados, perdemos o equilíbrio e acabamos por fazer mal a nós mesmos e aos outros, se não juntarmos o poder à humildade e à ternura. Por outro lado, com humildade e amor concreto, o poder — o mais alto, o mais forte — torna-se um serviço, uma força para o bem. O futuro da humanidade não está só nas mãos dos políticos, dos grandes líderes, das grandes empresas. Claro, a responsabilidade deles é enorme. Mas o futuro está sobretudo nas mãos das pessoas que reconhecem o outro como a elas próprias e reconhecem-se como fazendo parte de um "nós". Todos precisamos uns dos outros. por isso, por favor, pensem em mim também com ternura, para eu poder cumprir a tarefa que me foi confiada para o bem dos outros, de todos, de todos vós, de todos nós. Obrigado.

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